
O Protestantismo completa hoje(31/out) 494
anos de serviços prestados ao Reino de Deus e à humanidade. No Brasil, não
passa de 187 anos e com uma média de 30 milhões de evangélicos das mais
diversas denominações, que inclui protestantes históricos, pentecostais e
neopentecostais. No mundo, existem em torno de 590 milhões de seguidores.
Apesar do crescimento exponencial, o Protestantismo falhou ao permitir que
grupos dissidentes surgissem de seu meio a partir de líderes carismáticos que,
descontentes com a doutrina ou a forma como a igreja mãe conduzia seus membros,
partiram para a apostasia e criaram movimentos que hoje são referências
mundiais.
Com missionários espalhados por
diversas partes do mundo, religiões como as Testemunhas de Jeová, Mormonismo,
Adventista do Sétimo Dia, Ciência Cristã, Igreja da Unificação etc., crescem em
ritmo acelerado e contam com o apoio de centenas de dissidentes do
Protestantismo - indivíduos com pouca formação religiosa (novos convertidos)
que são atraídos pelas propostas e interpretações aparentemente “corretas” das
Pseudocristãs. Também há casos de pessoas que foram membros de igrejas
evangélicas por décadas seguintes, ministros do Evangelho e estudantes de
Teologia que por algum motivo acabaram seduzidos por tais movimentos.
Os motivos pelos quais religiões como o
Mormonismo ganham adeptos dentre os evangélicos são os mais diversos, como a
pouca atenção dada à formação teológica, discipulado insuficiente, cultos
rotineiros, isolamento da juventude etc. O mesmo vale para os que deixam o
Protestantismo para se dedicar a uma nova religião, como é o caso de Charles
Taze Russell que deixou o presbiterianismo para fundar a Sociedade Torre de
Vigia de Bíblias e Tratados. Russell faz parte do período descrito pelo
historiador da Igreja Sydeney Ahlstrom, em seu livro A Religious History of the
American People, como uma época de insatisfação e apostasia decorrente da
decadência do Protestantismo. Embora não mencione Russell, Ahlstrom apresenta
cinco movimentos que surgiram como resposta ao declínio da Igreja.
Os mais óbvios foram aqueles como Robert Ingersoll, Henry George, Edward
Bellamy, Francis E. Abbot e Clarence Darrow, que abandonaram a Igreja, a
despeito do forte interesse religioso que às vezes demonstravam, e tornaram-se
defensores do agnosticismo, socialismo, da religião livre ou de pelo menos da
total quebra das convenções. Mais moderados, porém igualmente perturbados, os
liberais e os pregadores do evangelho social, que buscavam adaptar sua fé e a
prática cristã às necessidades modernas mais prementes. Um terceiro grupo
incluía aqueles cujo histórico étnico ou alegações particulares (ou ambos) não
faziam parte da velha corrente protestante. Mórmons, cientistas cristãos,
menonitas, unitarianos e outros movimentos divergentes pertenciam a esta
categoria.
O quarto grupo era um vasto movimento interdenominacional dos que exigiam inovações na religião. A maioria dos adeptos estava perturbada pelo declínio da religião dos velhos tempos, com sua ênfase na conversão (...) ricos ou pobres, educados ou iletrados, rurais ou urbanos, batistas ou presbiterianos, estavam todos preocupados com o avanço do Liberalismo teológico e a diminuição do moralismo puritano. O nome dado ao movimento foi Fundamentalismo, adotado e usado pelos seus próprios lideres. O quinto e último grupo efetuou uma separação mais distinta do Protestantismo convencional do que a maioria dos fundamentalistas. [1]
O quarto grupo era um vasto movimento interdenominacional dos que exigiam inovações na religião. A maioria dos adeptos estava perturbada pelo declínio da religião dos velhos tempos, com sua ênfase na conversão (...) ricos ou pobres, educados ou iletrados, rurais ou urbanos, batistas ou presbiterianos, estavam todos preocupados com o avanço do Liberalismo teológico e a diminuição do moralismo puritano. O nome dado ao movimento foi Fundamentalismo, adotado e usado pelos seus próprios lideres. O quinto e último grupo efetuou uma separação mais distinta do Protestantismo convencional do que a maioria dos fundamentalistas. [1]
Segundo George A. Mather e Larry A.
Nichols, Ahlstrom considera o movimento Holiness, com sua ênfase na santificação
e sua revolta contra o direito de ser membro da Igreja, como componente deste
quinto grupo. Um segundo elemento que o Movimento Holiness rapidamente
incorporou à sua teologia foi o Milenarismo, o qual experimentou um avivamento
na Inglaterra e na América. Desta grande mistura de ideias emergiu um movimento
que sobreporia a todos os demais em termos de crescimento e sucesso no século
20, na América. Este grupo tornou-se conhecido como Sociedade Torre de Vigia de
Bíblias e Tratados, ou simplesmente Testemunhas de Jeová. [2]
Com exceção da Igreja da Unificação e
de alguns grupos minoritários, todas as principais dissidências do
Protestantismo surgiram a partir dos EUA. Não só porque o país possui o maior
número de protestantes do mundo (algo em torno de 160 milhões), mas também
pelas características históricas e seus desdobramentos recentes. Ao período
descrito por Ahlstrom pode-se acrescentar também o despertamento para o
ocultismo, com o reconhecimento do voduísmo como religião (1803), a criação da Caveira
e Ossos (1833), o ressurgimento do espiritismo por meio de uma fraude (1847), e
a Sociedade Teosófica (1875). Tem-se a partir daí a formação (ao lado do
Protestantismo) das duas principais tendências religiosas dos americanos: as
Pseudocristãs e o Ocultismo em suas diversas correntes. No século XX as
religiões orientais também passariam a compor tal realidade, mesclando-se a
grupos cristãos e da Confissão Positiva. Dave Hunt faz a seguinte observação.
Poucas pessoas
perceberão a óbvia e hipócrita contradição, pois tantos aceitaram o ensino
hinduísta de que tudo é ilusão e que podemos criar com nossa mente qualquer
coisa que desejarmos. Tal é o ensino da Escola Unitária do Cristianismo, da
Ciência Religiosa, da Ciência da Mente, da Ciência Cristã, dos Seminários de
Treinamento Erhard e de muitos outros grupos e “pensamento positivo” e de
auto-ajuda da Nova Era. [3]
O que há de comum entre todos esses
grupos e correntes é o Protestantismo. Os EUA é um país de origem protestante e
tem em sua história indivíduos que contribuíram para o desenvolvimento da fé,
mas também alguns que optaram seguir por um caminho alternativo. Essek W.
Kenyon é fruto dessa realidade juntamente com Kenneth Hagin. Ambos foram
influenciados pelos ensinos de Mary B. Eddy e contribuíram para o surgimento do
que no Brasil ficou conhecido como Neopentecostalismo.
Se por um lado o Protestantismo errou,
o inverso também é verdadeiro: o desejo de poder e os erros de interpretação do
texto sagrado são também uma das causas do surgimento de movimentos paralelos,
como o de Hagin, Kenyon e das seitas marginais. A participação dos pais na
educação dos filhos constitui também um fator determinante do que eles serão no
futuro. Onde há ausência das Escrituras, há indivíduos com tendência mística,
liberal ou fundamentalista. Tais características e outras mais são
encontradas nos movimentos oriundos do Protestantismo, com indivíduos que
tiveram algum tipo de contato com o Evangelho (por influência dos pais ou
experiência pessoal), enquanto outros tiveram uma participação mais efetiva
(conversão). A seguir conheceremos alguns desses indivíduos, seu relacionamento
com o Protestantismo e as religiões que eles fundaram.
Charles Taze Russell
De linhagem escocês-irlandesa, Russell
nasceu em 1852, em Allegheny (atual distrito de Pittsburgh, Pensilvânia, EUA).
Criado em uma família presbiteriana, demonstrou grande interesse pelas
Escrituras e a religião. Conta-se que ele costumava escrever versículos da
Bíblia em placas e muros de Allegheny na tentativa de converter os ímpios e
alertá-los sobre o perigo do inferno ardente (doutrina que ele abandonaria mais
tarde). Aos 13 anos deixa a Igreja Presbiteriana e dois anos depois se faz
membro do Congregacionalismo, abandonando-o algum tempo depois ao se declarar
cético.
Influenciado pelo pregador adventista
Jonas Wendel e após uma parceria com N. H. Barbour (também adventista), Russell
reavaliou sua crença nas Escrituras e mais tarde, em 1881, deu início a
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados através da qual passou a
difundir seus conceitos, que incluía uma negação da divindade e personalidade
do Espírito Santo, da existência de um inferno de fogo, o sono da alma etc.
Embora acreditasse na divindade de Cristo, Russell defendia que ela somente foi
concedida ao Filho de Deus após sua morte na cruz. Faleceu em 1916 e foi
sucedido na presidência pelo juiz Joseph F. Rutherford que em 1931 mudaria o
nome da organização para Testemunhas de Jeová.
Joseph Smith
Filho de Joseph e Lucy Smith, Joseph
Smith nasceu em 23/12/1805, em Sharon, Vermont, EUA. Após uma crise financeira
que atingiu os fazendeiros de Vermont, sua família muda para Palmyra, Nova York
onde, algum tempo depois, Joseph Smith seria exposto ao Reavivalismo que fluía
a partir do Condado de Ontário. Aos 15 anos de idade, sua mãe, seus dois irmãos
Hyram e Samuel e sua irmã Sophronia convertem-se ao presbiterianismo. Sem se
deixar seduzir pelo presbiterianismo, Joseph Smith inicia outro relacionamento
com a Igreja Metodista que começa ainda em sua juventude e se estende até pelo
menos o ano de 1828 quando teria aderido ao ministério.
A morte prematura de seu filho teria
feito com que Joseph Smith repensasse seu projeto de “tradução” do Livro de
Mórmon e aderisse ao Metodismo. Sua esposa, Emma Smith, frequentava a Igreja
desde pelo menos os sete anos de idade, o que teria facilitado a aproximação.
De fato, Joseph Smith teria procurado um pastor da Igreja Metodista de Harmony
e pedido que o incluísse no livro de classe. Embora os registros da Igreja
tenham se perdido com o tempo, uma declaração dada à época por um grupo de
metodistas a um jornal de Illinóis e de seu excerto no livro Enigma: Emma Hale
Smith, de Linda Newell e Valeen Avery (University of Illinóis Press, 1994, pág.
25) revela que a adesão de Smith ao metodismo realmente ocorreu, embora tenha
durado apenas três dias a seis meses.
Proibido de frequentar a Igreja
Metodista por conta de suas doutrinas estranhas e praticas fraudulentas, Joseph
Smith decide levar adiante seu projeto de tradução das placas que, segundo lhe
teria revelado um anjo chamado Moroni, continha “outro testemunho de Jesus
Cristo”. Em 1830 publica o primeiro exemplar do Livro de Mórmon e no mesmo ano
funda a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (nome este dado à
Igreja quatro anos depois, em 1834).
Um fato curioso sobre o Livro de Mórmon
consta de uma declaração do apologista cristão J. K. Van Baalen. Segundo ele,
em 1812 um pastor presbiteriano aposentado, chamado Salomão Spaulding, escreveu
um livro contendo uma história fictícia dos primitivos habitantes da América.
Morreu sem publicar o livro. O manuscrito caiu nas mãos de Sidney Rigdon, ex –
pastor batista que mais tarde aderiu à Igreja SUD e se tornou o mentor
intelectual de Joseph Smith. Antes de sua conversão, Rigdon teria pastoreado
uma Igreja Batista de Mentor, Ohio, da qual eram membros alguns dos futuros
lideres da Igreja SUD, como Parley P. Pratt, Isaac Morley e Edward Partrige.
Guilherme Miller
Filho mais velho dentre 15 irmãos,
Guilherme Miller nasceu em 15/02/1782, em Pittsfied, Massachusetts. Aos quatro
anos de idade seus pais mudam para Nova York. Apesar de sua formação batista –
seus pais frequentavam uma Igreja Batista de Low Hampton -, Miller aderiu
ao deísmo após seu casamento com Lucy, em 1803. Sua participação na Guerra
de 1812, primeiro como voluntário e depois como capitão, causou profundas
mudanças em sua forma de ver o mundo e a religião. A recente perda de seu pai e
irmã levou Miller a uma nova concepção sobre a vida e a morte. Regressou à
Igreja Batista e algum tempo depois começou a pregar e anunciar a segunda vinda
de Cristo.
Convicto de que o advento deveria
acontecer em 1843, Miller passou a divulgar abertamente sua crença e obteve
apoio dos batistas. Começando por Dresden (NY), ministrou palestras por todo o
país, falando em igrejas batistas, congregacionais e metodistas. A América foi
tomada por um novo avivamento: a dos crentes no Advento de 1843. Multidões
convergiam para os EUA em busca de salvação. Em 1840 cerca de 100 mil pessoas
seguiam Miller. Chegou o ano prometido e nada aconteceu. Miller disse que se
enganou e que a data correta seria 22/10/1844. Ao chegar à nova data, mais uma
decepção. Envergonhado e solitário, Guilherme Miller decidiu não mais prever o
retorno de Cristo. Seguiu como membro da Igreja Batista, vindo a falecer em
1849.
Mesmo com a retratação de Miller e
abandono de suas ideias, alguns de seus discípulos decidiram dar continuidade
ao movimento. Em maio de 1863 três grupos se juntaram para fundar a Associação
Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. O primeiro era liderado por Hiram Edson,
ex – metodista de Port Gibson. Segundo ele, Miller não estava equivocado em
relação à data da vinda de Cristo, mas sim em relação ao local. Disse ele que
na data profetizada por Miller, Cristo havia entrado no santuário celestial
para fazer uma obra de purificação. O segundo tinha como líder Joseph Bates,
ex-marinheiro que conheceu o Evangelho em uma viagem. Embora sem um histórico
protestante, Bates observava o sábado e chegou a escrever um livro sobre o
assunto. O terceiro grupo era formado por Ellen Gould White, que dizia ter o
dom de profecia e que dos doze aos dezessete anos frequentou, juntamente com
seu pai, a Igreja Metodista de Buxton, Maine, tendo sido batizada por imersão
em 1842 (então com 17 anos). [4]
Conclusão
O número de pessoas que deixaram o
Protestantismo para fundar ou se associar a novas religiões nos EUA e em outras
partes do mundo é surpreendente, apesar de não existir uma estatística oficial.
Charles T. Russell, Joseph Smith e Ellen G. White (esta última como principal
mentora do Adventismo) constituem apenas a ponta do iceberg. Após eles inúmeros
outros protestantes ganhariam destaque internacional, como David Berg
(ex-pastor da Igreja Discípulos de Cristo e fundador da seita Os Meninos de
Deus, hoje chamada de “A Família”), Mary Baker Eddy (ex-membro da Igreja
Congregacional Trinitária e fundadora da Ciência Cristã), William Marion
Branham (ex-membro de uma Igreja Batista e fundador do Tabernáculo da Fé).
Fora dos EUA, encontramos casos como o
do norte-coreano Sun Myung Moon (ex-presbiteriano e fundador da Igreja da
Unificação), James Anderson (pastor presbiteriano e fundador da Maçonaria.
Apesar de não ter deixado o presbiterianismo, James colaborou com o surgimento
de inúmeras outras sociedades secretas e clubes, muitos dos quais de caráter
ocultista), Luigi Francescon (ex-diácono da Primeira Igreja Presbiteriana de
Cavasso Nuovo, Itália e fundador da Congregação Cristã no Brasil) e Aldo
Bertoni (ex-presbiteriano e atual presidente da Igreja Apostólica Santa Avó
Rosa, fundada em 1954 no Tatuapé, SP).
Notas
1. MATHER, George e Larry Nichols, Dicionário de Religiões, Crenças e
Ocultismo, pág. 449, Editora Vida, 2000
2. Ibidem, pág.
449
3. HUNT, Dave, Hitler, o quase – anticristo, págs. 55 – 56, Chamada da Meia
Noite
4. OLIVEIRA, Raimundo, Seitas & Heresias, um sinal dos tempos, pág. 68,
CPAD, 1994
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