
Porque não podemos ser cristãos sozinhos? Porque não
podemos servir a Deus trancado em nossos quartos? Porque precisamos da
companhia de outros? Há algum
tempo um amigo me enviou fotos de bebês gêmeos que haviam nascido
prematuramente. As enfermeiras viam esses bebezinhos e achavam que não
sobreviveriam. A meninazinha maior poderia ter uma pequena chance, mas a menor
não. Assim, na noite em que imaginaram que a menor morreria, uma das
enfermeiras colocou-a na incubadora com a irmã. Quase imediatamente ao sentir a
maior delas a proximidade da irmã, estendeu o braço circundando-a. Deitada na
cama, ela ficou com o bracinho bem apertado ao redor da pequenina a noite
inteira. Havia tubos em seus braços e narinas, mas estavam juntinhas ali. E
isso foi tudo o que realmente fez a diferença. As enfermeiras disseram que a
partir daquele momento a pequena criança se desenvolveu. Quando vieram no dia
seguinte ficaram admiradas ao ver quão alerta e responsiva a menorzinha se
tornara. Desde então ela cresceu e ganhou peso. Ambas viveram e se
desenvolveram. Um grande abraço e a proximidade íntima fez toda a diferença. Um
irmão certa vez me disse que precisamos de pelo menos quatro abraços por dia
para sobreviver, oito abraços como manutenção e doze abraços para crescimento.
Já deu seu abraço hoje?
A igreja é como aquela incubadora. Se ganharmos um abraço forte a maioria de nós vai
sobreviver. A comunhão certamente é a parte mais embaraçosa da vida da igreja
para algumas pessoas. Também os relacionamentos são a parte mais difícil.
Precisamos lidar com todo tipo de gente. Há aqueles silenciosos e aqueles que
falam demais. Há os prolixos que nos exasperam, mas há também os lacônicos que
nos angustiam. Há os inconvenientes que fazem comentários inadequados sobre
nós. Diante dessas dificuldades alguns concluem que é mais fácil servir a Deus
sozinho, que na verdade a companhia dos irmãos os torna mais carnais e os leva
a pecar.
Essa foi à conclusão dos cristãos no início da idade
média, que resolveram se fechar em monastérios tentando escapar das tentações
do mundo e procurando servir a Deus no isolamento. Alguns se trancavam em clausuras por toda a vida
para estarem com Deus. Lembro-me também de alguns pregadores que algum tempo
atrás, não aceitavam conversar com ninguém nem tinham comunhão alguma com os
irmãos para que nada bloqueasse a unção deles. Mas isso é um equívoco. Não é a comunhão que nos faz pecar, a
comunhão apenas revela a nossa realidade espiritual.
Essa idéia de abandonar a comunhão é antiga. O livro de Hebreus já exortava os crentes a não
deixarem de congregar.
“Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto
mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb. 10:25).
É verdade que Jesus
disse para nos fecharmos no quarto para orar, mas depois ele espera que saiamos
dali para viver a vida cristã junto com os irmãos.
É por meio de
relacionamentos que desenvolvemos a nossa personalidade e nos tornamos adultos.
Do mesmo modo é na comunhão que desenvolvemos nossa vida espiritual. Aqueles
que evitam o relacionamento estão fugindo dos tratamentos de Deus. As tábuas do
tabernáculo era ajustadas lixando-as uma nas outras. Nós somos essas tábuas
hoje no edifício de Deus e a maneira como somos ajustados é sendo lixados uns
pelos outros. Esse atrito que nos soa tão anti-espiritual é na verdade um
caminho de crescimento.
Os mandamentos do
Novo Testamento estão em sua maioria relacionados com a mutualidade. Podemos
dizer sem medo de errar que não podemos servir a Deus apropriadamente sem a
comunhão dos irmãos. Na verdade quando estamos distantes dos irmãos é porque
estamos longe de Deus também.
Imagine um círculo. Agora pense que Deus está no meio desse círculo e nós, na periferia, na
beirada. Pode ser que eu esteja de um lado do círculo e você do outro, mas, à
medida que nos aproximamos de Deus, que está no centro, surpreendentemente, nos
aproximamos um do outro. Nós demonstramos
nossa intimidade com Deus é na comunhão com os irmãos.
Alguns dizem que
estão perto de Deus, mas contraditoriamente estão longe da igreja. Quanto mais perto de Deus estamos, mais
sensíveis e abertos nos tornamos aos irmãos. Inversamente quanto mais no pecado,
mais distantes nos tornamos, mais nos escondemos entre as árvores do jardim. A intimidade com Deus se traduz na minha
comunhão com os irmãos.
Por que a comunhão é
tão importante?
Não importam a sua
teologia correta, os seus dons extraordinários ou sua visão ampla e
estratégica: se você é individualista e não tem comunhão com a igreja, está
fora da vontade de Deus.
Sem comunhão você é um tijolo fora da construção, um
membro fora do corpo, um soldado perdido no campo de batalha, ou seja, uma
incoerência, uma contradição, uma vida sem propósito. Uma brasa fora do braseiro é só uma alma agonizante.
Vai fumegar até se apagar.
Em Atos 2:42 lemos
que os irmãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações.” Perseverar significa continuar fazendo
mesmo com todas as dificuldades e resistências.
A
comunhão é algo a respeito do qual precisamos perseverar. Alguns crentes não
perseveram nem em ir aos cultos aos domingos. Que tipo de crente é esse que
não consegue ser nem domingueiro? A
desculpa de alguns é que a vida cristã deles é maior que o culto de domingo,
mas eu prefiro dizer que a vida cristã deles não é nem do tamanho do domingo.
Outros dizem que não
são crentes para ficarem sentados em banco de igreja, mas na verdade são
crentes sentados no sofá diante da televisão. Atos 2:46 diz que os primeiros cristãos “diariamente perseveravam
unânimes no templo”. Eles se reuniam diariamente. Esse é o verdadeiro padrão da
espiritualidade: quanto menos culto menos realidade espiritual.
Além de tudo isso que
tenho compartilhado gostaria de enumerar algumas razões fundamentais para
vivermos na comunhão dos santos.
1. Você é parte da
família de Deus
A Bíblia ensina que
somos da família de Deus:
“Por isso, enquanto
tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família
da fé.” (Gálatas 6.10)
“Assim, já não sois
estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus.” (Ef 2.19)
O que une você a seus
irmãos naturais é muito mais que viver debaixo do mesmo teto. Vocês são irmãos
porque levam a mesma carga genética da sua família.
O mesmo se aplica à igreja. Somos uma família, não só porque cultuamos a Deus no
mesmo local, mas porque compartilhamos a mesma vida que vem de Cristo, temos a
mesma carga genética espiritual: somos
filhos de Deus. O que é mais precioso é que quando encontramos a outros com
essa mesma natureza espiritual, imediatamente nos identificamos com eles.
Isso também nos fala de um mesmo tipo de vida. Um cão não pode ter comunhão com um gato, nem um rato
com um elefante. Não possuem a mesma natureza. Porque você agora é luz, não pode mais ter comunhão com as trevas.
Você não consegue mais manter um relacionamento estreito, de compartilhamento
profundo com aquele que não possui a vida de Deus dentro de si. Para esse tipo
de convivência, você precisa da sua família espiritual.
Alguns novos sempre
me perguntam se é pecado se sentar na mesa de um bar com amigos. Eu sempre digo
que não é uma questão de pecado, mas de natureza. Como eu posso me sentar com
alguém que não fala a minha língua, não come a minha comida, não entende as
minhas coisas e nem tem a minha natureza?
2. Ninguém cresce
sozinho
Assim como uma
criança aprende com seus pais e irmãos mais velhos, você também precisa de
irmãos e pais espirituais para crescer em Deus. Negligenciar
isso só trará prejuízos para você.
Existem igrejas aonde
as pessoas vão apenas para fazer campanhas e buscar uma bênção. Não é errado,
mas isso não é ser Igreja. Além do mais, apenas tais ações não o levarão a
crescer. Há ocasiões em que você precisa ser exortado, corrigido, motivado ou
encorajado, algumas vezes carregado e, provavelmente, muitas vezes, perdoado.
Para crescer, você precisa ter compromisso e
relacionamento com Deus e a única forma de tê-los é através do Seu corpo, a
Igreja.
Não é difícil
imaginar o que acontece com uma brasa sozinha, fora do braseiro. Você percebe
que cada vez que nos reunimos estamos nos aquecendo mutuamente? Só de encontrar
um irmão e ganhar um abraço o seu espírito já é aquecido. Quando ouvimos a
palavra o nosso coração se enche de fé e, só de estar presente num culto somos
guardados de setas malignas. Também nem é preciso discutir a inutilidade de um
soldado que vai sozinho para a guerra. Nenhum soldado vai para a guerra
sozinho. No campo de batalha quem guardaria a nossa retaguarda? Na guerra nós
nos protegemos mutuamente e lutamos uns pelos outros. A comunhão da Igreja é
segurança espiritual para você. Por meio dela, seu fogo é mantido e suas
batalhas são vencidas. Aprendemos em Eclesiastes que o cordão de três dobras
não se rompe facilmente.
“Melhor é serem dois
do que um... Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que
estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem
juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? Se alguém quiser
prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se
rebenta com facilidade.” (Ec 4.9-12)
A unção que se
manifesta na comunhão é maior do que a unção individual. Se eu junto a minha
unção com a sua unção já temos uma unção maior, então imagine o que acontece
quando uma multidão resolve ministrar a Deus. A unção é poderosa ali.
Evidentemente Deus
nos ouve em nosso quarto e podemos experimentar unção sozinhos em oração, mas a
unção na congregação é maior, por isso sua experiência pode ser mais intensa.
Por isso o Senhor
disse que “onde houver dois ou três reunidos no nome dele, ali ele estará no
meio deles” (Mt 18.20). De certa forma, estar fora da comunhão é o mesmo
que estar distante da presença do Senhor.
Normalmente, as
pessoas se expressam por meio do próprio corpo. Porém, se de alguma forma o
nosso corpo está inválido, então não temos como nos expressar e fazer o que
queremos. O mesmo princípio se aplica a Cristo e à Igreja. A Igreja é o corpo
de Cristo e é por meio dela que Ele se expressa.
5. O poder é liberado
na comunhão
Jesus disse que “...se
dois dentre nós, sobre a Terra, concordarmos a respeito de qualquer coisa que,
porventura, pedirmos, ser-nos-á concedida pelo nosso Pai, que está nos Céus.” (Mt
18.19)
Existem certas
orações que só serão atendidas se orarmos juntos, em concordância, em comunhão. Há muita
coisa que você poderá fazer sozinho, mas as maiores e as mais importantes
sempre deverá fazer em equipe, seja na célula ou na igreja. Ninguém nunca fez
nada relevante sozinho. Todas as grandes conquistas, todas as grandes obras
foram resultado de trabalho em equipe.
Jesus disse que é
preciso haver concordância. Você precisa estar nas reuniões da Igreja para
concordar a respeito do mover de Deus, da obra de Deus. Se dois concordarem
acontecerá, então imagine se milhares concordarem a cada semana. Certamente o
Senhor liberará a sua palavra de
vitória.
Uma das orações mais
fantásticas da história está em João 17. Ali, Jesus pede ao Pai algo simplesmente
espantoso: para que os irmãos na igreja sejam um, assim como Ele e o Pai são
um. Você consegue imaginar isso? Jesus é um só Deus junto com o Pai. Mas, o
mais extraordinário é o motivo pelo qual fez essa oração. Ele disse:
“E como és tu, ó Pai,
em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste.” (Jo 17.21 e 23)
O mundo somente crerá
em Jesus, se vivermos uma vida de comunhão e unidade. A comunhão ganha mais
gente para o reino de Deus do que o evangelismo. Na verdade, Jesus disse que só
nos reconheceriam como seus discípulos se amássemos uns aos outros (Jo 13.35).
A comunhão é o meio pelo qual expressamos esse amor ao mundo.
A experiência tem
mostrado que as células mais frutíferas são as mais festivas. Quando os irmãos
gostam de estar juntos isso naturalmente atrai as pessoas e a célula se
multiplica. Quando as pessoas de fora perceberem o carinho que temos uns pelos
outros, o cuidado mútuo, a comunhão genuína, o prazer que temos em estarmos
juntos e o amor verdadeiro entre nós, elas serão fortemente tocadas pelo poder
de Deus. Alguns dirão: esses crentes são estranhos, mas eles se amam de
verdade. Ou esses crentes são barulhentos, mas eles gostam mesmo da gente.
Normalmente as
pessoas primeiro se convertem a nós e só depois a Jesus. Primeiro elas
desejam a nossa comunhão e só depois
aprendem a ter comunhão com Deus. Isso acontece porque é na comunhão amorosa
dos irmãos que o mundo conhece a Jesus.
A sua célula é apenas
o culto na casa ou a sua célula existe nos outros dias da semana? Precisamos
lembrar que fazemos células e não cultos nas casas. Célula é vida de comunhão;
culto nas casas é só uma reunião.
7. Somos membros uns
dos outros
A ordem de Deus para
nós é que sirvamos uns aos outros.
“Servi uns aos
outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus.” (1Pe 4.10)
A Igreja é o sonho
que estava oculto no coração de Deus desde a eternidade. Você tem o privilégio
de ser parte desse sonho de Deus.
A palavra comunhão,
no original grego, é Koinnonia. E, literalmente significa vida compartilhada.
Ninguém possui a plenitude de Cristo dentro de si. Mas, quando temos comunhão,
é como se as diversas partes se ajuntassem e formassem um todo, então a
plenitude do Senhor se manifesta.
Uma casa dividida não
pode prevalecer. A marca da igreja cristã é a comunhão. Sem amor uns pelos
outros não podemos ser conhecidos como discípulos de Cristo. Somos um corpo, um
rebanho, uma família, ramos da mesma videira, pedras do mesmo santuário. A
falta de comunhão é sinal de carnalidade e infantilidade.
Como ter comunhão
numa igreja tão grande?
Comunhão é muito mais
que ir ao culto e sentar-se ao lado de um irmão cujo nome, provavelmente, você
nem sabe. Existe uma comunhão espiritual que une todos os crentes de todas as
épocas. Isto é real e muito bom, mas nós também precisamos de uma comunhão viva
que envolva comunicação.
Todos necessitamos conhecer
e ser conhecidos, compartilhar nossa vida e nos sentir parte de uma comunidade.
Nas celebrações de
domingo, você tem comunhão com toda a igreja, no espírito. Mas, durante a
semana, na reunião da célula, você desfruta da vida da igreja, da comunhão dos
irmãos de forma bem prática e íntima.
1. Dois tipos de
reuniões
Na Nação Santa, temos
dois tipos de reunião: a celebração, aos domingos, e a célula. Na reunião de
celebração, aprendemos a Palavra e ministramos a Deus como Corpo. Na célula,
servimos uns aos outros, conhecemos e somos conhecidos uns pelos outros.
2. O que é uma
célula?
A célula é um local
de vida... É o nosso jeito de ser Igreja.
De maneira prática, a
célula é um grupo de 5 a
15 pessoas que se reúne semanalmente para aprender
como ser uma família, adorar ao
Senhor, edificar a vida espiritual uns dos outros, orar uns pelos outros e
levar pessoas a Cristo
Normalmente, cada
célula possui, no mínimo, cinco pessoas e não deveria ultrapassar o limite de
quinze membros. Quando chega a esse limite, deve se multiplicar, ou seja,
dividir-se em duas novas células. Você, certamente, já está participando de uma
célula, a qual brevemente se multiplicará e, então, você poderá ver esse processo
maravilhoso acontecendo bem perto de você.
3. Os objetivos de
uma célula
De forma geral, a
finalidade da célula é ser igreja de maneira prática, ministrando uns aos
outros. Resumimos seus objetivos em quatro pontos:
Comunhão – através do
desenvolvimento de uma vida compartilhada, alvos comuns e aliança mútua entre
todos os membros.
Ensino – proporcionando
um ambiente favorável para o crescimento espiritual, aprendizado prático e
disciplina em amor.
Multiplicação – é onde
alimentamos, guardamos e suprimos os novos irmãos e também treinamos novo
líderes.
Serviço – na célula,
cada membro é um ministro que exercita seus dons para o serviço mútuo.
Atos 2.42-47 constituem um retrato daquilo que estamos buscando nas
células:
E perseveravam na doutrina dos apóstolos...
... e na comunhão, no partir do pão...
... e nas orações...
... todos os que creram estavam juntos e
tinham tudo em comum...
... distribuindo o produto entre todos, à
medida que alguém tinha necessidade.
Perseveravam unânimes no templo...
... partiam o pão de casa em casa e tomavam
as suas refeições com alegria e singeleza de coração...
... enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
As células são
a nossa expressão como Igreja. Não nos
preocupamos em realizar atividades diferentes ou ter programações variadas. O
que fazemos é concentrar-nos num único objetivo: edificar células fortes que se
multipliquem a cada ano.
É nas células
que nossa igreja acontece. Ensino,
cuidado mútuo, compartilhamento, amor, encorajamento, dons, serviço, tudo é
feito nelas e através delas, afinal, nós somos uma igreja em
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