
Uma das conseqüências do
imediatismo é o crescimento sem realidade. Hoje quero compartilhar com você um
princípio espiritual pouco conhecido. Refiro-me ao princípio do crescimento
aparente.
Nós
queremos crescer, mas precisamos ser cuidadosos para não sermos como uma massa
inchada pelo fermento parece que cresceu, mas apenas inchou.
O verdadeiro crescimento vem pelo
milagre da multiplicação dos pães. Que o Senhor nos conceda o milagre da multiplicação
das células em nossa Igreja local.
O crescimento é real ou aparente?
Alguns líderes nunca imaginaram
que existem dois tipos de crescimento, por isso se deixam enganar por uma
célula cheia de gente. Presumem que o importante é ter a célula grande.
Entretanto, é possível ter uma
célula cheia de pessoas que ainda não nasceram de novo. Não adianta multiplicar
uma célula assim, os membros precisam primeiro renascer. Não queremos
agregados, queremos filhos regenerados pelo Espírito. Antes que possamos fazer
a multiplicação, precisamos checar a realidade espiritual desse grupo.
Em tempos de intensa guerra
espiritual, precisamos ser cautelosos e cheios de discernimento espiritual. É
fácil guerrear quando o inimigo se opõe a nós de forma visível e acintosa. A
guerra, porém, torna-se muito mais perigosa quando o inimigo parece estar do
nosso lado, nos tecendo elogios. Até parece que o inimigo desistiu de se opor e
tornou-se um de nós. Esse fato pode ser visto na História da Igreja, no quarto
século, quando Constantino tornou o cristianismo a religião oficial do Império
Romano. A igreja explodiu. Da noite para o dia, todo o Império foi agregado à
Igreja. Parecia o sinal de uma grande vitória da Igreja, mas era tudo aparente;
o que parecia ser uma bênção foi, na realidade, uma maldição e uma derrota.
O crescimento experimentado pela
Igreja naquela época foi aparente, não foi real. Alguém pode argumentar que o
importante é que as vidas venham para a Igreja, mas precisamos ser zelosos e
não confundir membresia com novo nascimento, freqüência dominical com
compromisso, mudança de religião com mudança de vida.
Em Mateus, capítulo 13, temos duas
parábolas proféticas ditas por Jesus (na verdade, todas as sete proferidas
nesse capítulo são proféticas): a parábola do grão de mostarda e a do fermento.
Ambas apontam para o crescimento irreal da Igreja e são uma advertência para
que não caiamos no mesmo erro.
A parábola do grão de mostarda
Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos
céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu
campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior
do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm
aninhar-se nos seus ramos. (Mt 13.31,32)
Historicamente, essa parábola foi
interpretada como sendo sinal do crescimento da Igreja que, sendo uma pequena
semente, veio a se tornar uma grande árvore, e as aves seriam as pessoas
cansadas que encontram pouso na Igreja.
O problema dessa interpretação é que ela violenta todo o contexto e a lógica
bíblica. Em primeiro
lugar, Deus determinou que cada semente reproduza segundo a sua espécie, mas o
grão de mostarda, que é uma hortaliça, veio a se tornar em uma grande árvore.
Houve aqui uma degeneração na sua constituição, uma aberração da natureza.
No mesmo capítulo 13 de Mateus, no verso 19, Jesus disse que as aves do
céu são demônios. Por uma questão de coerência com o contexto, temos que admitir que as
aves que vêm se aninhar na árvore são também demônios.
A maior parte dos comentaristas bíblicos concorda que essa parábola se
cumpriu na Igreja Católica, mas eu pergunto: somente na Igreja Católica?
A
Igreja romana prostituiu-se em todos os lugares onde entrou. Para agradar
os orientais que veneram os mortos, ela criou o dia dos mortos; para conciliar
o paganismo, criou o Natal, que originalmente era a festa do sol. Em todos os
lugares há o sincretismo, para que a Igreja possa crescer, atingindo o fim
proposto, sem, no entanto, valorar os meios pela ótica de Deus.
Mas esse é um crescimento degenerado
e o resultado é que a Igreja que o pratica torna-se ninho de demônios. Precisamos ser cautelosos para,
em nosso desejo de crescimento, não incorrermos nesse mesmo erro.
Isso acontece quando somos conciliadores com o sistema do mundo. Quando procuramos a aprovação e
o elogio de todos. Quando queremos ser modernos e contextualizados. Quando não
queremos ser chamados de caretas e nos moldamos para agradar aos homens. Tudo
em nome do crescimento, mas qual crescimento – o real ou o aparente?
A parábola do fermento
Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é
semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de
farinha, até ficar tudo levedado. (Mt 13.33)
Na segunda parábola, o Senhor nos fala de uma massa que cresceu, mas não
aumentou o seu tamanho. Ela apenas inchou.
Essa parábola também tem sido interpretada de forma positiva pela
Igreja, no decorrer dos séculos, como sendo o seu crescimento. Ela seria o fermento e a massa
esse mundo que será levedado, ou seja, influenciado pela Igreja.
Interessante essa interpretação. O problema é que o fermento é algo negativo em
toda a Bíblia. Por que somente nessa parábola seria positivo? Definitivamente,
Deus abomina o fermento (Leia 1Co 5.6-8, Gl 5.9, Êx 13.7 e Mt 16.6).
Creio que o fermento na massa também aponta para o crescimento, porém um
crescimento aparente, sem consistência e sem realidade. Creio no crescimento, busco o
crescimento, mas quero somente aquele que vem de Deus e não o que vem por meio
do fermento. Essa é a tática do diabo, nestes dias, contra a Igreja: iludir
alguns com um crescimento sem consistência.
Mas o que significa o fermento
nessa parábola? Quero enfatizar, pelo menos, quatro significados: aparência,
facilidades, impureza e pecado.
O primeiro significado do fermento
é a aparência.
Ele faz com que a massa cresça e
isso nos impressiona. Entretanto, se enfiarmos o dedo na massa, ela murcha. O
que houve com aquele volume? Era só aparência. Por isso que precisamos ser
cautelosos para edificar Igreja e não movimentos; um corpo e não uma
organização; um edifício espiritual e não um depósito de material de
construção.
De que adianta dizer que temos tantas células
se elas não tiverem consistência e realidade?
Não queremos agregados, queremos
gerar filhos genuínos transformados pelo poder de Deus.
O segundo significado do fermento,
ele faz com que a massa se torne macia e fácil de ser absorvida.
Um pão sem fermento é duro e
consistente – difícil de ser comido. Vivemos hoje uma época perigosa, em que o
Evangelho vem perdendo sua profundidade e tornando-se algo diluído e
superficial, sem a intensidade devida ao Espírito.
Preocupa-me aqueles pregadores que têm diluído
tanto a mensagem, nem sei se ainda pregam mesmo o Evangelho.
Uma mensagem assim produz crentes frágeis e
inconsistentes, que buscam eternamente um Evangelho fácil e de bênçãos, que se
escandalizam quando são chamados para tomar a Cruz.
Muitos não geram discípulos porque
tiraram a cruz de sua mensagem para não tornar o pão duro de comer.
O terceiro significado é que todo
fermento é um tipo de impureza.
Se colocarmos algo sujo dentro de
um copo de leite, esse, imediatamente, vai talhar. Toda impureza é levedo, é
fermento.
Devemos buscar o crescimento, mas
precisamos tomar cuidado com a permissividade, com a leviandade, com a
impureza; com as coisas que vêm travestidas com a graça barata e a falsa
liberdade de Cristo.
Como líderes de célula, temos que
zelar pela santidade e pela pureza da Igreja. Sabemos que a santidade não é
algo com apelo popular, por isso, muitos líderes nem a mencionam em suas
mensagens. Mas crescimento sem santidade pode ser apenas fermento levedado.
Por fim, o último e mais evidente
sentido do fermento, ele é um tipo do pecado nas escrituras.
O fermento no final é cheio de morte. O fermento é feito da própria massa, que foi
envelhecida e apodrecida. O mais perigoso, nessa busca do crescimento da
Igreja, é que esse fermento foi feito da própria Igreja, só que envelhecida e
deteriorada. Quando algo velho e apodrecido entra na Igreja, leveda tudo.
Seja um líder de célula prudente e zeloso. Proponha no seu coração gerar
discípulos e não meros seguidores de Jesus. Não negocie a mensagem, nem faça
barganha com o preço do discipulado
O nosso encargo, nestes dias, é
pelo crescimento da Igreja e pelo estabelecimento do reino de Deus em nossa
geração.
Tudo isso passa pela visão das
células, que têm se tornado, cada vez mais, disseminada. Observe e aprenda com
aqueles que crescem em nosso país, mas veja bem qual o tipo de crescimento que
eles possuem – se o real ou o aparente.
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